segunda-feira, 6 de julho de 2015

Crise e empobrecimento



Olimpio Guarany

O Brasil vive sua maior crise política dos últimos 30 anos, bem maior do que a vivida em momentos que antecederam ao impeachment de Fernando Collor. Alem disso,  a crise econômica abala a economia interna e desacredita o país no exterior. 
A presidente Dilma parece perdida, sem capacidade de reagir diante do quadro em que vivemos hoje.É visível a ingovernabilidade. 
O presidente da Câmara Federal, Eduardo Cunha (PMDB-RJ) chegou a propor o rompimento do PMDB com o PT. Hoje, em entrevista a rádio Jovem Pan de São Paulo, ele afirmou que o PMDB já está afastado, na prática, do PT. Para ele, o Governo está sabotando o trabalho do vice presidente Michel Temer (PMDB-SP), coordenador politico de Dilma. O próprio governo se responsabiliza em desprestigiar Temer ao instante em que não cumpre o que ele acerta com os partidos da base. Tamanhas insegurança, instabilidade e descrença no cumprimento dos acordos, gera reação dentro do Congresso, consequentemente, a ingovernabilidade.
E qual seria a saída para o país? Difícil apontar um caminho curto para a solução. Se o regime fosse parlamentarista, cairia o Primeiro-Ministro e um novo gabinete seria formado; mas no presidencialismo não é fácil trocar um presidente que cai no descrédito, quando a maioria dos eleitores que votaram nele não o apóiam mais, caso de Dilma agora.
Buscar a saída pelo impeachment não seria uma boa alternativa, penso. Se Dilma fosse destituída, Michel Temer é quem assumiria. Isso poderia parecer um golpe do PMDB, legenda do vice que controla o Senado e Câmara. O desgaste para o país seria grande e pioraria nossa imagem no exterior. 
Por outro lado, a cassação do mandato de Dilma por abuso de poder e captação ilícita de recursos denunciados no TSE, considerando que um dos empresários envolvidos na Operação Lava Jato declarou ter doado dinheiro sujo pra campanha da presidente, seria outra saída? Talvez. Nesse caso teríamos nova eleição, partindo-se do zero já que o vice não assumiria, uma vez que a chapa inteira seria afastada. É triste saber que a oposição não apresenta alternativa. O maior partido oposicionista, o PSDB, tem três lideres, cada um com uma proposta, todavia sem grandes defesas. Os tucanos, sabe-se, não são de grandes embates políticos em época de crise. Na maioria das vezes preferem o muro.
Enquanto isso, os brasileiros assistem atônitos, sem capacidade de reação, sem mobilização, até por falta dessa prática. Fosse em outro lugar do mundo, o povo não sairia das ruas enquanto não arrancasse do poder quem tem 91% da população contra.
Diante de tamanha desesperança, resta-nos esperar o que vai sair desse angu. Sem solução, assistimos a inflação galopar, os juros dispararem, o desemprego aumentar e nosso dinheirinho perder o poder de compra. Resultado, empobreceremos cada vez mais
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Olimpio Guarany é jornalista, economista, publicitário e professor universitário


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