sábado, 31 de outubro de 2015

Ponto de Vista


A Expofeira como indutor da economia

Olimpio Guarany


A partir do fim da segunda guerra mundial praticamente caiu o liberalismo, mola propulsora do capitalismo da época, que, aliás, foi combatido por John Maynard Keynes. Em 1936, o economista britânico publicou uma de suas principais obras: a Teoria Geral do Emprego, do Juro e da Moeda para discutir o papel do estado na economia e dos mecanismos que poderiam ser usados para reativá-la nas condições de depressão. À época, o mundo enfrentava um período de colapso do capitalismo, provocado pela quebra da bolsa de Nova York em 1929 o acontecimento econômico mais emblemático do século XX.

Mas o que Kaynes tem a ver com a Expofeira do Amapá?

Muito. Estamos vivendo um momento de crise, com a queda do nível de emprego, com a retração da atividade econômica e vendo o dinheiro desaparecer de circulação. É nessas horas que vinga a tese de Keynes. O estado precisa intervir na economia e criar mecanismos para evitar o colapso. O Estado é o único detentor da ferramenta capaz de mudar esse quadro. É nessa hora que a Expofeira entra como mobilizador da economia. Em um só lugar onde pode-se oferecer oportunidades de uma gama imensa de negócios, pequenos e grandes.
Entendo que a Expofeira deve ser assim mesmo, um grande espaço para atividades diversificadas, incluído o modelo de arraial, combatido por alguns,  para não ficar resumido só ao segmento primário. Nesse espaço devem estar contemplados o comércio e a indústria, dois outros setores da economia,  capazes de promover grande movimentação, criando uma rede de micro negócios, durante o evento, que resultam em renda, até para quem não tem uma atividade fixa ou está fora do mercado.

O setor primário

Ao instante em que a Expofeira vira  o seu foco para a produção de alimentos e produção florestal ela passa a criar um leque de oportunidades e alternativas para destravar esse setor da economia do estado. Não precisa ir buscar na China o exemplo de desenvolvimento a partir da agricultura familiar. Aqui mesmo no Brasil, a agricultura familiar é responsável por um terço do valor bruto da produção agropecuária. Oferece emprego a cerca de 12 milhões de brasileiros. Ocupa cerca de 75 % da mão de obra empregada no campo. São homens e mulheres que produzem a ampla maioria dos alimentos consumidos no país.

Então? Por que no Amapá não pode ser assim?

Tive a informação de que na Expofeira  há um espaço onde serão apresentados modelos para produção agrícola e florestal.  Pode estar ai um indicativo a para esse setor, ainda atrasado da nossa economia. O setor primário do Amapá ainda se utiliza de um modelo arcaico, por isso é tão dependente  o que nos faz um grande importador de alimentos de outras unidades da federação.

São nesses ambientes, como se vê Brasil afora, que os pequenos produtores ou candidatos a produtores passam a conhecer as técnicas para melhorar o cultivo de produtos de subsistência, por exemplo; os meios de buscar créditos e metodologias inovadoras de produção.

Para justificar minha tese, sob a ótica econômica, teria que ter muito espaço para relacionar os diversos motivos e meios para melhorar, principalmente o setor primário, mas havemos de convir que a Expofeira é, sem dúvida, um ponto de convergência e um inquestionável indutor da nossa incipiente economia.
E ai? Num estado pobre como o nosso, quem seria capaz de promover esse momento de oportunidades senão o estado? Sem a intervenção do estado com sua capacidade de investimento, definitivamente, isso não seria possível.
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Olimpio Guarany é jornalista, economista, publicitário e professor universitário

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