segunda-feira, 4 de julho de 2016

Os passos do sacerdote



A palavra sacerdote” tem origem no latim sakro-dots, ou seja, aquele que desempenha, que faz as cerimônias sagradas. Portanto, sacerdote é aquele que realizava os rituais e as cerimônias para que os homens se fizessem favoráveis a Deus (ou aos deuses, entre os povos antigos politeístas). A função do sacerdote é mediar o relacionamento entre Deus e os homens, fazendo ofertas e sacrifícios ao Senhor.
Vamos começar por este último parágrafo. Se olharmos o clero vamos ver que não são todos os que recebem o título de sacerdote, por sua formação teológica, que conseguem, na plenitude, viver o sacerdócio e, nem de longe, como o desempenhado por Jesus. Não vamos querer tanto, mas é certo que há alguns que se destacam pelo alto grau sacerdotal, simplesmente pela capacidade de se doar - e ai vão os sacrifícios - e de se atirar em ações que, na ponta do processo, vão resultar em benefício aos mais necessitados, aos menos assistidos - ai vão as ofertas.
É possível que alguém veja aquele homem negro, de origem humilde, passar e, simplesmente,  não dar nada por ele, como diríamos nós, os caboclos da região. Pois é, mas conhecemos o Padre Paulo Roberto e sabemos muito bem das suas ações sacerdotais e no que elas podem resultar.
Sob o meu ponto de vista, o Padre Paulo Roberto sai da mera condição de mediador entre Deus e os Homens para transcender e se entregar em sacrifícios que resultam em ofertas do bem para a sociedade. Lembro como se fosse hoje, mas foi há cerca de 12 anos num evento Encontro dos Tambores” na UNA - União dos Negros do Amapá quando participei de uma missa campal, momento em que fiquei verdadeiramente impressionado. Naquele dia descobri a incrível capacidade do Padre Paulo Roberto de se comunicar com aquela legião de negros” que ali reunia vinda das mais diversas localidades do Amapá. No primeiro momento duas coisas me chamaram a atenção: a ausência da indumentária tradicional de celebração e a forma identificada com que se vestia o padre com roupa e estola coloridas, exatamente para se igualar aqueles que ali estavam a celebrar. É preciso ter discernimento e capacidade de entendimento para chegar a esse nível. Eu diria mais: conseguir pregar o evangelho numa linguagem que todos ali entendiam, mesmo lançando mão de vocábulos pouco comuns aos estranhos àquelas comunidades, como eu, foi o máximo.
O Padre Paulo Roberto é assim mesmo. Quando idealizou, lá atrás, a Missa da Curaàs quintas feiras, nem imaginava que seria capaz de angariar tantos fiéis. Revelo-me absolutamente convicto de que a palavra fácil e larga, solta de sua boca, parte do coração e, carregada de fé, atinge em cheio aos que vão em busca de cura, principalmente para a alma.
Eu poderia ocupar esta página inteira para falar da performance sacerdotal de Paulo Roberto, mas não poderia deixar de citar uma de suas últimas investidas. Eivado de compaixão por aqueles que sofrem com o câncer, sem que recebam a devida assistência de quem tem tal prerrogativa, eis que o Padre Paulo Roberto cria o Instituto Joel Magalhães - IJOMA. Graças a credibilidade conquistada ao longo dos anos de sacerdócio, consegue envolver a sociedade e parte para a concretização de sua idéia. Reune uma plêiade de colaboradores e dedica o seu dia a dia na busca por apoio para seu projeto, e ao trabalho na assistência aquelas pessoas, em sua maioria, já sem esperança.
É este o Padre Paulo que há 25 anos recebia a missão para ser o mediador entre Deus e os Homens, a missão sacerdotal.
É este Padre Paulo que quero reverenciar, hoje, num reconhecimento que talvez seja pequeno demais para a grandiosidade do seu sacerdócio.
Que Deus continue iluminando seus caminhos padre Paulo Roberto.
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Olimpio Guarany é jonralista, economista, publicitário e professor universitário

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