segunda-feira, 22 de agosto de 2016

Caminho sem volta

Olimpio Guarany

Daqui a oito dias se inicia o julgamento de Dilma Roussef no processo de impeachment. Nem que eu fosse jurista não anteciparia qualquer juízo de valor. É bom entendermos que Juízo de Valor é um julgamento feito a partir de percepções individuais, tendo como base fatores culturais, sentimentais, ideológicos e pré-conceitos pessoais, geralmente relacionados aos valores morais. A emissão do juízo de valor tem a ver com um julgamento sem com que seja seguido um pensamento imparcial, racional e objetivo sobre determinada situação. Isso eu não vou fazer, todavia não posso me furtar de emitir meu ponto de vista com viés crítico sob o meu pensamento, a respeito da política econômica.
É impossível não ver os erros cometidos pelos governos petistas desde 2003, decisivos para levar o Brasil a situação que hoje se encontra. Não me interessa fazer aqui uma retrospectiva longa. A partir de 2014 quando Dilma começou a desenvolver ações com base em idéias que eu considero estapafúrdias para buscar o segundo mandato, vi que o país caminharia para retrocesso econômico. Os ajustes teriam que começar lá atrás, mas Dilma preferiu a saída mais fácil.  Ao maquiar os números, mostrar ao país um quadro irreal não foi nada digno e ainda se arriscou ao fazer operações sem autorização do Congresso, segundo consta na peça que a acusou de improbidade administrativa.
A falta de capacidade de diálogo com o Congresso só piorou a situação. Sem sustentação no parlamentar, Dilma não conseguiu aprovar as medidas duras, mas necessárias que, aliás, ela fez questão de esconder durante a campanha. O  caldo entornou quando ela estabeleceu a queda de braço com o presidente da Câmara, Eduardo Cunha, que admitiu o impeachment.
Pronto. O cenário para o desastre estava montado, afinal, o Brasil já havia perdido credibilidade internacional; o capital estrangeiro se evadiu, a economia entrou no processo de estagnação e, como consequência  vieram o desemprego, a inflação e o descontrole das contas públicas.
Com o afastamento da Presidente assumiu o vice, Michel Temer (PMDB), que adotou medidas sinalizando ao país a retomada do crescimento econômico. Mas temos que admitir que a interinidade gera insegurança tanto em quem está no comando quanto em quem pretende investir, seja ele capital estrangeiro ou nacional.
O povo brasileiro, ao que me parece, já está consciente de que não há mais clima para o retorno de Dilma. Ela teve todos os direitos de ampla defesa garantidos, e, ao que se vê, não conseguiu sensibilizar os senadores - os juízes - nem a população brasileira. Particularmente entendo não serem consistentes os argumentos da defesa.
Durante o processo do impeachment, o PT e a Dilma fizeram de tudo, até buscaram holofotes no exterior  tentando emplacar a idéia de golpe, mas, ao que parece, não conseguiram. Contribuiu para isso, penso, a descoberta do esquema de corrupção que drenou muitos recursos do país, segundo o MPF, organizado pelo PT.
Vejo como réquiem - a missa dos mortos - a defesa que Dilma pretende fazer, pessoalmente, a partir do próximo dia 29. Penso que é praticamente impossível ela se livrar do afastamento definitivo. Pra mim Dilma está no caminho sem volta.
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Olimpio Guarany é jornalista, economista e professor universitário.

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