quarta-feira, 3 de janeiro de 2018

Promoção da igualdade: Questão de justiça

*Fatima Pelaes

Apesar da causa da mulher ter ganhado certa  amplitude  nos últimos tempos, ainda há um longo caminho para  avanços absolutamente imprescindíveis no trabalho de promoção da igualdade. Se o tema ganhou espaço, é hora de avançar terreno e conseguir  aliados  a fim de fortalecer a luta. Assim, numa união de forças, será possível   consolidar vitórias e gerar  as mudanças exigidas. O sucesso  deste esforço conjunto exige participação múltipla e diversificada, envolvendo segmentos que vão do âmbito  familiar à sociedade organizada, da empresa privada a políticas públicas oficiais.
O obstáculo primordial  ainda se concentra no combate a tradições patriarcais que têm  o gênero feminino como  alvo preferencial de violência, exclusão, preconceito e dependência. O empoderamento feminino, atualmente, surge como a possibilidade da mulher realizar suas potencialidades dentro de um sistema que se abre à justiça e igualdade. É, acima de tudo, uma questão de justiça. Empoderar é conquistar terreno  para a promoção e consolidação  de capacidades. É possibilidade real de crescimento dentro de uma progressiva  conquista de  espaços ainda injustamente  negados ou dificultados para o desenvolvimento sadio e pleno do gênero feminino.
 Simplificando, empoderamento feminino é garantir à mulher  a chance de realizar suas próprias escolhas numa perspectiva de atuação ampla e irrestrita dentro das possibilidades inerentes à sua condição. O que parece bem simples, na prática tem enfrentado barreiras complexas de serem  ultrapassadas. Sobretudo dentro de nossas próprias fronteiras. Basta lembrar que a brasileira, apesar de realizar jornada dupla(ou até tripla)de trabalho, recebe, em média, 20% a menos que os salários garantidos aos homens. 
Mesmo sendo a maioria da população, a mulher em nosso país    ocupa menos de 10% dos espaços de poder e decisão nos Legislativos e nos Conselhos de Administração das empresas. Ou seja, existe ainda um enorme desafio que precisa ser vencido.  O estudo intitulado - The Power of Parity, do McKinsey Global Institute (MGI) (2015) - revela que o fim da desigualdade, por si só, poderia adicionar até US$ 28 trilhões nos próximos dez anos ao PIB global. Apenas no Brasil, o aumento seria de US$ 850 bilhões, o que proporcionaria um ganho social imensurável.
 Portanto, a questão que se coloca é: como mudar tal situação? A resposta aponta para a união de forças como única mola força motriz capaz de  transformar uma realidade tão desigual.Nem o poder público sozinho, nem ações isoladas da sociedade civil são capazes de realizar mudanças tão profundas no Brasil. A fim de conseguir cumprir compromissos assumidos pelo país na Agenda 2030, com o Objetivo de Desenvolvimento Sustentável 5( que expressa  a necessidade da promoção da igualdade e empoderamento de todas as mulheres e meninas) o Governo Federal propõe uma atuação em rede.
A meta é  reunir diversos atores  para cooperar na implementação de ações concretas e efetivas, otimizando os recursos disponíveis no combate às desigualdades e diferentes formas de discriminação sofrida por mulheres de vários segmentos, orientações e raças. Por isto mesmo, foi  lançado o Brasil Mulher, uma rede que nasce como uma estratégia de mobilização nacional, para integrar atores da sociedade em direção à  conquista de um país mais democrático, com oportunidades, direitos e garantias igualitárias.
A Secretaria de Políticas para Mulheres atuará na coordenação idos processos de negociação e da Rede Brasil Mulher, a fim de  incentivar arranjos organizacionais,  interação entre os atores e  implementação das políticas, sempre de forma pró ativa e interativa. Sem qualquer relação hierárquica, cada organização atuará como unidade semiautônoma. Os objetivos e estratégias estabelecidos serão fruto dos consensos obtidos através  de processos de negociação entre os participantes, resguardando sua diversidade.
O Brasil Mulher pretende ser um marco na forma de implementar  ações conjuntas que reúnam forças na construção de uma sociedade mais justa, desenvolvida e igualitária. Qualquer organização pública ou privada pode e deve fazer parte desse movimento. Assim, numa grande corrente, contando com a força de  homens e mulheres, será possível  mudar a realidade e  promover o desenvolvimento social, o combate à violência contra as mulheres e o desenvolvimento pleno da democracia no nosso país.
Juntos, vamos alcançar os objetivos.
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*Fátima Pelaes é socióloga e ocupa o cargo de Secretária Nacional de Políticas para as Mulheres.

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